Na Dúvida fique com Kardec

  Há algum tempo, circula-se entre alguns dos companheiros de ideal espírita de que o nosso bem amado médium de Uberaba Francisco Candido Xavier, seria a reencarnação do nosso ilustríssimo codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec.

  Não sei através de quem essa historia começou, mais é muito importante nestes casos termos prudência.

  Bem é um direito de quem quer pensar deste ou daquele modo e não nos cabe de modo nenhum o direito de cercear a liberdade de pensamento e de expressão de quem quer que seja, mas como espírita me sinto no direito e no dever de falar sobre o assunto.

  Quando resolvi escrever sobre o tema, fiquei preocupado para não ser apenas mais uma critica sem fundamento. E o que podemos entender por crítica?

  Crítica é um juízo, um julgamento ou uma análise. E se pararmos para pensar Kardec se utilizou sempre deste tipo de crítica, para codificar a Doutrina Espírita.

  E é o próprio Kardec com a mensagem de São Luis, no Evangelho Segundo o Espiritismo, cap X, nº 20/21, que nos esclarece sobre o assunto da crítica.

  Então sai a campo para pesquisar sobre o assunto, se Chico é ou não a reencarnação de Kardec. Alguns companheiros de ideal, podem achar que isso não vai acrescentar nem melhorar a Doutrina. Mas penso diferente, que falar sobre tal assunto influencia e muito.

  Influencia no fato de não aceitarmos idéias prontas de outras pessoas só por que elas estão dizendo ser verdade, então cabe ao bom espírita a pesquisar e analisar e se for verdade ótima, aprendemos mais um pouco sobre a Doutrina, e quando falarmos sobre o tema estaremos embasados em verdade e se for mentira é nosso dever expor as idéias, para que aqueles que estão começando na Doutrina não comecem errando e aqueles que já estão a algum tempo na Doutrina analisem e estudem sempre.

  Um dos pontos que mais me ajudou em minha pesquisa, ou para não dizer o principal fato de que me levou a pesquisar sobre o tema, foi uma matéria que li na revista UNIVERSO ESPIRITA do mês de Maio/2004 (Allan Kardec Druida), que fala sobre Kardec e a ligação com os Druidas e Léon Denis. Nesta matéria o autor cita dois livros de Léon Denis, onde Kardec envia-lhe mensagem além-túmulo, relatando sobre suas vidas passadas como Druida.

  Nestes dois livros citados encontram-se mensagens enviadas por Kardec à Léon Denis. No livro Joana D´Arc (Léon Denis), encontramos uma mensagem enviada em 1909, e no livro Gênio Céltico e o Mundo Invisível (Léon Denis), encontramos mais de uma dúzia de mensagens enviadas por Kardec; (25/11/1925), (15/01/1926), (12/06/1926), (02/03/1926), (23/04/1926), (22/05/1926), (04/06/1926), (25/06/1926), (09/07/1926), (25/07/1926), (20/08/1926), (03/09/1926), (15/11/1926), (29/11/1926).

  Então comparando com a data de nascimento de Francisco Candido Xavier (02/04/1910), conclui-se que então estando Kardec desencanado desde 31/03/1869 até pelo menos a data da última mensagem 29/11/1926 e tendo Chico nascido em 02/04/1910, pode-se dizer que um não poderia ser o outro.

  Outro fator de análise que a Doutrina nos ensina é a individualidade da alma e se traçarmos um perfil entre Kardec e Chico encontraremos alguns pontos em comuns mais também diferenças de personalidade.

  Pontos em comum

- Kardec: Foi um missionário, se utilizou de livros para divulgar a doutrina espírita.

- Chico Xavier: Também foi um Missionário e se utilizou de livros para divulgar a doutrina espírita.

  Pontos de Diferença

- Kardec: Tinha personalidade mais seria e mais austera, não que ele não fosse uma pessoa alegre, ao contrário, sabe-se que gostava de rir, tinha um sorriso franco e que como tal cativava as pessoas.

- Chico Xavier: Uma alma e um semblante muito doce, não que alma tenha sexo, mais chego a dizer que Chico tinha uma alma quase que feminina tal sua doçura.

  Pesquisando, vem ao meu conhecimento que existe um livro de Carlos A. Baccelli (Na Próxima Dimensão /editora LEEPP) onde este escrito e afirmado de que Chico seria a reencarnação de Kardec. Então analisando a afirmação do livro, com o que eu pesquisei, chego à conclusão que não procede tal informação.

  Buscando mais algum livro que me ajudasse, é incrível quantos livros sem conteúdo e sem base que se escreve com o titulo de doutrina espírita. Se eu fosse levar em conta de verdade o que está escrito na capa do livro do senhor Osvaldo Polidoro - "reencarnação de Allan Kardec" (O Novo Testamento dos Espíritas - editora D&Z), "Como bem registra a codificação Kardecista, Kardec devia reencarnar em outro tempo, em outro corpo e em outras condições, para terminar a tarefa messiânica. Em 05 de junho de 1910 Allan Kardec reencarnou com o nome de Osvaldo Polidoro na cidade de São Paulo. Ao desencarnar, em 25 de dezembro de 2000, Osvaldo Polidoro deixou no mundo, com a restauração concluída, "Um Deus, Uma verdade, Uma doutrina". (texto extraído da capa do livro) também repudiaria a tese de que Chico é a reencarnação de Kardec, porque um espírito não pode animar dois corpos diferentes ao mesmo tempo, desculpe mais não posso levar a sério tal fato.

  Incrível como um espírito da importância de Kardec vem a terra escreve meia dúzia de livros é só uma pouca quantidade de pessoas venham, a saber, disso. Eis que encontro mais uma pérola do descaso com o bom senso; a senhora Rose Gribel (guiada por Allan Kardec segundo ela) com residência na França relata em seu livro (Minha Vida no Mundo dos Espíritos - editora Pensamento) que após um problema de família recebeu de um estranho uma cópia do livro dos espíritos, e após leitura deste livro começou a receber a companhia do espírito de Allan Kardec, a quem ela começou chamar de "meu mestre".

  Caro amigos e companheiros de ideal espírita, não estou aqui para julgar opiniões e nem idéias de ninguém, e nem quero que ninguém aceite o que escrevi como sendo verdade, apenas que cada pessoa que se diz espírita, estude, pesquise, analise e julgue como fez Kardec. E como o próprio Kardec disse "Espírita instrui-vos", então depois dessa pequena e edificante pesquisa que fiz cheguei a seguinte conclusão. Na dúvida fique com Kardec.

 

Adriano Ferreira Lopes